Voltou a vir a público, pelas piores razões, o caso do Rafael e do Tiago Mesquita Guimarães. Para os mais distraídos relembro que estes dois rapazes são brilhantes alunos da sua escola, que este ano voltaram a ser chumbados por não frequentarem Educação para a Cidadania. Sobre o caso em si não vou escrever mais nada. É evidente que a disciplina tem carácter doutrinário, pelo que não pode ser imposta aos miúdos.
Escrevo porque me tem impressionado o ódio que existe nas redes sociais contra a família Mesquita Guimarães, sobretudo ao pai, Artur. Pelos vistos defender aquilo em que se acredita, não ceder nos princípios, lutar pelo que se considera justo, só é bom se não houver consequências. Quando há consequências, quando o poder pode ameaçar com represálias, então é meter a viola no saco e obedecer.
A família Mesquita Guimarães tem sido um exemplo do que é ser livre. Uma família disposta a defender aquilo em que acredita, contra o bullying das redes sociais, contra as represálias do Ministério da Educação, contra a fúria dos que estão pouco habituados a gente livre.
E parte da irritação contra esta família nasce precisamente daqueles que estão habituados a viver de ceder os seus princípios ao poder. Daqueles que devem a sua posição à capacidade de se adaptar a qualquer circunstâncias. Aqueles que odeiam uma família livre porque há muito tempo venderam a sua liberdade em troca de uma qualquer sinecura do poder, seja numa coluna de jornal, seja num qualquer cargo público.
Portugal é um país que lida mal com a liberdade. Os portugueses gostam muito do respeitinho. O principal argumento contra a família Mesquita Guimarães é que as aulas são obrigatórias. Assim mesmo, como se isso encerrasse a discussão. E se alguém diz que os pais devem poder escolher, respondem com “já viste o que seria se os pais agora pudessem escolher a matemática e o português”.
Aparentemente para a maioria das pessoas ensinar às crianças valores cívicos ou os Lusíadas está no mesmo patamar. Não há qualquer problema em obrigar miúdos de 10 anos a aprender sobre aborto (sim, está no Referencial é só ir ver) porque o Estado já disse que é obrigatório. Por isso, que seria agora uns pais acharem que sabem melhor educar os filhos que os mandarins da 5 de Outubro.
O que mais me impressiona é ver como há tanta gente que acha mesmo que não tem o direito, nem o dever, de educar os filhos. Que está perfeitamente disposta a entregar essa missão ao Estado. Confiante de que o Estado saberá o que é melhor para eles. A quantidade de pessoas que considera que educar os seus filhos de acordo com os seus princípios é um mero capricho.
Eu diria que um caso como da família Mesquita Guimarães levaria os cidadãos em geral a apoia-los. Pensava que a maior parte das pessoas, mesmo que não concorde com as posições da família, estaria disposta a lutar pela liberdade de cada um educar os seus filhos. Infelizmente parece não ser assim. Aparentemente em Portugal só se está disposto a lutar pelas liberdades que o Estado já concedeu. E assim continua um povo que se diz livre enquanto o poder o permite.
Só por isto deviamos estar agradecidos à família Mesquita Guimarães. O Tiago e o Rafael não são vítimas dos pais, ao contrário do que os servos do regime tem tentado vender, são vítimas deste povo demasiado habituado à subserviência. Obrigado por isso a esta família que parece disposta a lutar pela sua liberdade, e assim pela liberdade de todas as famílias a educar os seus filhos.