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Carta Aberta a Inês Cardoso

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Prezada Senhora, ao ser informado por pessoa amiga, de que na passada quarta-feira de manhã, 14/12/2022, em programa na TSF, terá proferido “não descansar até que pais como eu não possam fazer nada para impedir o que a Escola decidir”, programa esse de que resta o seu artigo intitulado “A família já não é o que era[1] na página digital da referida rádio, logo me ocorreu: faz o que digo mas não faças o faço!

É que o seu discurso revela tanto ódio que, por mais que queira, não consegue passar a ideia contrária e, consequentemente, deita por terra as suas intenções.

Bom, desde já lhe asseguro que irá ter muita dificuldade em levar para a frente os seus intentos porque, no nosso caso, os meus filhos têm família, têm pais (mãe e pai), nem sequer são órfãos de pais vivos. Têm o melhor que há no mundo, pais e irmãos. Parafraseando o saudoso Fernando Ribeiro e Castro: “se queres ver uma criança feliz dá-lhe um irmão; se a quiseres ver muito feliz dá-lhe muitos irmãos”.

Sim, efectivamente, a Família ainda é o que era, – sempre assim foi e assim será – célula base da sociedade, que precede a própria sociedade e para a qual a sociedade se organiza e não o contrário.

Em Portugal, não há nenhum vazio legislativo, como quer fazer passar, nem dúvidas de interpretação sobre o papel dos pais; não queira impor a sua ideologia e, para isso, inventar um problema que não existe!

Tem ocorrido, sim, o abuso de poder, por parte de alguns Órgãos do Estado, que nos levam a recordar tempos de fraca memória.

Os pais são sempre os primeiros e principais educadores dos seus filhos. A acção dos pais é fundamental e a vida em família é a primeira e principal escola de valores e de sociedade.

Ao Estado/escola, no que se refere à educação dos nossos filhos, compete apenas uma tarefa subsidiária, de colaboração com os pais e em perfeita sintonia com estes e, acima de tudo, proporcionar condições para que todo o indivíduo possa adquirir competências de forma a que, com o seu talento, possa contribuir para o bem comum. E só isto!

Na família consegue-se que os filhos cresçam em valores porque estão motivados pelo amor, porque se sentem queridos por aquilo que são. Cada membro da família tem o dever de ajudar os outros a melhorar, com a certeza de que na família o amam por aquilo que é. Na família, porque existe confiança pessoal nos outros, nas potencialidades de cada um, únicas e valiosas, podem elevar-se os objectivos dos filhos de tal modo que impregnem os seus actos com amor. Cada filho é um mundo, e nasce com uma série de qualidades e características: umas positivas e outras negativas. Na família é possível chegar a assumir os pontos fracos porque os filhos sabem que os seus pais e irmãos os amam tal como são, com os seus defeitos e virtudes.

Família, qual espaço de intimidade e liberdade se lhe assemelha?

Responsabilidade pela educação é o que, em primeiro lugar, a sociedade deve exigir aos pais – não ao Estado!

Haverá outras mundividências que merecem todo o respeito, mas, qual decreto, ou quem é quem, para impor aos outros o que quer que seja em matérias de consciência? Liberdade!

Para trás ficaram outros comentários de ilustres pessoas sem resposta, mas, desculpem-me esses, o tempo não me permite responder a todos.

Nesta quadra que nos convida ao aconchego e beleza da gruta de Belém, resta-me desejar-lhe um Santo e Feliz Natal.

Fique em paz.

Brufe VNF, 20 de Dezembro de 2022.

Artur Mesquita Guimarães


[1] https://www.tsf.pt/opiniao/a-familia-ja-nao-e-o-que-era-15482987.html